Reclamamos
todos os dias da impunidade e da lentidão das leis e dos órgãos que as aplicam
em nosso país, são escândalos, denúncias, irregularidades e tantas outras atrocidades
para com o dinheiro público e a população em geral.
Mas se já
não bastasse tantas brechas jurídicas, tantas leis que beneficiam políticos com
más intenções, ainda tem deputado querendo criar uma nova lei para dificultar a fiscalização e punição de políticos e
agentes públicos corruptos.
Leiam a matéria abaixo feita pela revista Veja e também divulgada pela página "A Hora da Justiça" (Facebook)
Da Redação
São Paulo
também tem sua “PEC da impunidade”
Também
batizada de “PEC da impunidade” por promotores paulistas, como outra semelhante
que corre no congresso nacional (PEC 37), a proposta do deputado estadual
Campos Machado (PTB) foi apresentada ao mesmo tempo em que o Ministério Público
Estadual trava uma guerra de nervos com o Legislativo paulista.
Protocolada
com o apoio de mais de um terço dos 94 deputados da Casa, a PEC está nas mãos
de um relator, o deputado José Bittencourt (PSD), que deverá apresentar parecer
na próxima terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça. Se for aprovada
na comissão, seguirá para aval do plenário.
O texto
da proposta prevê instituir na Constituição estadual um artigo que retira de
promotores a iniciativa de investigar os mais de 600 prefeitos paulistas, os
próprios deputados e todos os secretários do governo. Tal atribuição passaria
exclusivamente para o já congestionado gabinete do procurador-geral de Justiça
de São Paulo.
A apresentação formal da PEC ocorreu em
fevereiro, poucos dias depois de o Ministério Público obter na Justiça uma
liminar para suspender o pagamento de um auxílio-moradia que os deputados
paulistas recebiam da Casa. A promotoria argumentava que o auxílio era pago sem
necessidade de prestação contas. Dessa forma, até mesmo parlamentares que tinham
residência própria a poucas quadras da Assembleia embolsavam o benefício. Com a
liminar e uma decisão recente da Justiça que confirmou a extinção da regalia,
os deputados deixaram de receber 2 250 reais por mês.
O embate não foi o único a surgir antes do
aparecimento da PEC. Em janeiro, o Ministério Público também passou a
investigar a licitação para a compra de 150 carros de luxo para os deputados.
Detalhe: a frota atual foi adquirida há dois anos e alguns carros praticamente
não saíram da garagem. Após a divulgação de suspeitas de direcionamento da
licitação, a licitação foi suspensa em fevereiro, envenenando ainda mais a
relação entre o Ministério Público e os deputados paulistas.
"É uma retaliação contra as investigações
que fizemos sobre o auxílio-moradia e o auxílio-paletó. É uma medida
inconstitucional. É uma PEC da ‘impunidade’”, disse o promotor Silvio Marques.
Para ele, além de ser uma retaliação, a medida é inconstitucional, e, à exemplo
da PEC 37 que corre em Brasília, faz parte de uma ofensiva contra a instituição
Ministério Público.
Defesa -
O autor da proposta, deputado Campos Machado, prefere chamar a proposta de “PEC
da dignidade” e diz ser “ridículo” associar a apresentação do texto com os
recentes embates entre o MP e a Assembleia. “Não tem nada a ver uma coisa com a
outra”, disse o deputado, que afirma ainda que “há tempos” ouve os lamentos de
prefeitos do interior e de deputados que se tornam alvo de investigações de
promotores. Segundo ele, os promotores costumam fazer “publicidade das
suspeitas” antes da comprovação dos fatos, o que acaba paralisa as
administrações e os mandatos dos políticos.
“Há muito
tempo tenho visto que o Ministério Público se transformou em um órgão
denuncista. Promotores se arvoram como delegados e juízes. É uma prepotência
que deixa de lado a preocupação com a honra das pessoas. É chegada a hora de
dar um basta nesse abuso”, disse Machado ao site de VEJA.
Reação - O promotor Silvio Marques afirma que,
na prática, a aprovação da medida não vai ter tantos efeitos imediatos, já que
o procurador-geral Márcio Elias Rosa poderá, de acordo com suas próprias
atribuições, nomear promotores para cuidar dos casos. “No fundo a proposta é
uma grande perda de tempo. Ela é inócua, mas é inconstitucional”, disse.
O próprio procurador-geral já sinalizou que,
no caso da proposta ser aprovada, pretende anulá-la repassando os casos para as
investigações para os promotores.
Campos Machado afirma ainda que está confiante
com a aprovação da PEC. “Só não vai votar a favor quem não tem amor à
Assembleia”, disse.
Entre os 33 que assinaram a PEC estão
políticos enrolados, como o tucano Celso Giglio, que teve a candidatura à
prefeitura de Osasco barrada no ano passado. A lista de signatários também
inclui Itamar Borges (PMDB) e Roque Barbieri (PTB), que aparecem em escutas
telefônicas que a Polícia Federal fez no telefone do empreiteiro Olívio
Scamatti, acusado de chefiar a chamada Máfia do Asfalto - oficialmente, eles
não são investigados na operação.
Em reação ao andamento da proposta na
Assembleia, a Associação Paulista do Ministério Público (APMP) organizou um
abaixo-assinado na internet. Na sexta-feira, a iniciativa já contava com cerca
de 19.000 assinaturas.
Fonte:
VEJA / Página A Hora da Justiça (Facebook)
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